segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A vida

Acordou-me hoje com o querer
E quero…
Quero mais azul
Quero mais mar
Quero o céu inteiro
E as estrelas do sol

Os cabelos desgrenhados
A chuva a cair na calçada
O amor que tarda em chegar
E quero…
Quero mais o tinir das agulhas
Quero mais o crepitar do lume
Quero a fogueira que sempre tive
Quero o atar das pontas
E as estrelas do sol

quinta-feira, 3 de março de 2011

A verdadeira profundidade se encontra detrás dos espelhos"


 

(Marguerite Yourcenar

"Reivindico minha busca constante, meus erros, meu assombro e não o isolamento por medo de viver"

(Clarice Lispector).

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Poema aos amigos do Borges

Por vezes quanto mais pensamos que estamos sós, somos surpreendidos por coisas destas que nos mostra que afinal a nossa solidão é escolhida e que a nossa conchinha não é mais que um barreira para não vivermos as emoções em pleno…

Poema aos amigos

Não posso dar-te soluções
Para todos os problemas da vida,
Nem tenho resposta
Para as tuas dúvidas ou temores,
Mas posso ouvir-te
E compartilhar contigo.

Não posso mudar
O teu passado nem o teu futuro.
Mas quando necessitares de mim
Estarei junto a ti.

Não posso evitar que tropeces,
Somente posso oferecer-te a minha mão
Para que te sustentes e não caias.

As tuas alegrias
Os teus triunfos e os teus êxitos
Não são os meus,
Mas desfruto sinceramente
Quando te vejo feliz.

Não julgo as decisões
Que tomas na vida,
Limito-me a apoiar-te,
A estimular-te
E a ajudar-te sem que me peças.

Não posso traçar-te limites
Dentro dos quais deves actuar,
Mas sim, oferecer-te o espaço
Necessário para cresceres.

Não posso evitar o teu sofrimento
Quando alguma mágoa
Te parte o coração,
Mas posso chorar contigo
E recolher os pedaços
Para armá-los novamente.

Não posso decidir quem foste
Nem quem deverás ser,
Somente posso
Amar-te como és
E ser teu amigo.

Todos os dias, penso
Nos meus amigos e amigas,
Não estás acima,
Nem abaixo nem no meio,
Não encabeças
Nem concluís a lista.
Não és o número um
Nem o número final.

E tão pouco tenho
A pretensão de ser
O primeiro
O segundo
Ou o terceiro
Da tua lista.
Basta que me queiras como amigo

Dormir feliz.
Emanar vibrações de amor.
Saber que estamos aqui de passagem.
Melhorar as relações.
Aproveitar as oportunidades.
Escutar o coração.
Acreditar na vida.

Obrigado por seres meu amigo.

Jorge Luís Borges

sábado, 5 de fevereiro de 2011

1º selinho



 

Uma oferta que não estava a contar da menina Ana http://aninhalourenco.blogspot.com/ ..Obrigada nina…muito obrigada…ás vezes precisamos que nos digam que gostam de nós


 

E agora regras para quem quiser e tiver vontade de ter este selinho no blog:


 

1º - postar o selinho no blog

2º - postar o nome da pessoa que te indicou com o link do seu blog

3º - indicar quantos blogs quiser e avisa-los

Ofereço a todos aqueles que me aturam de quando em

4º - responder às seguintes perguntas:

    - Nome        Maria Sao

- Uma música     Papa can you heard me , Barbara Streisand, Yentl

- Um filme        Les uns et les autres    

    - Cor preferida    Branco


    - O que mais gosta de fazer dolce fare niente

- O que mais gostou no selinho         a lembrança


e agora , vou-me pela noite dentro com uma manga em tricot e o LIVRO do Zé Luis Peixoto…maybe….


Poema dirigido a Salazar


"Nunca precisámos de outra coisa!"  FOI FEITO EM 1934.
 

 Conta-se que este poema foi dirigido ao Ministro da Agricultura do governo de Salazar, como forma de pedir adubos. Por mais estranho que pareça, o senhor que o escreveu não foi preso e Salazar até se fartou de rir (??!!!) quando o leu:

- E X P O S I Ç Ã O -
Porque julgamos digna de registo
a nossa exposição, senhor Ministro,
erguemos até vós, humildemente,
uma toada uníssona e plangente
em que evitámos o menor deslize
e em que damos razão da nossa crise.

Senhor: Em vão, esta província inteira,
desmoita, lavra, atalha a sementeira,
suando até à fralda da camisa.
Falta a matéria orgânica precisa
na terra, que é delgada e sempre fraca!
- A matéria, em questão, chama-se caca.

Precisamos de merda, senhor Soisa!...
E nunca precisámos de outra coisa.

Se os membros desse ilustre ministério
querem tomar o nosso caso a sério,
se é nobre o sentimento que os anima,
mandem cagar-nos toda a gente em cima
dos maninhos torrões de cada herdade.
E mijem-nos, também, por caridade!

O senhor Oliveira Salazar
quando tiver vontade de cagar
venha até nós solícito, calado,
busque um terreno que estiver lavrado,
deite as calças abaixo com sossego,
ajeite o cú bem apontado ao rego,
e... como Presidente do Conselho,
queira espremer-se até ficar vermelho!

A Nação confiou-lhe os seus destinos?...
Então, comprima, aperte os intestinos;
se lhe escapar um traque, não se importe,
... quem sabe se o cheirá-lo nos dá sorte?
Quantos porão as suas esperanças
n'um traque do Ministro das Finanças?...
E quem vier aflito, sem recursos,
Já não distingue os traques dos discursos.

Não precisa falar! Tenha a certeza
que a nossa maior fonte de riqueza,
desde as grandes herdades às courelas,
provém da merda que juntarmos n'elas.

Precisamos de merda, senhor Soisa!...
E nunca precisámos de outra coisa.

Adubos de potassa?... Cal?... Azote?...
Tragam-nos merda pura, do bispote!
E todos os penicos portugueses
durante, pelo menos uns seis meses,
sobre o montado, sobre a terra campa,
continuamente nos despejem trampa!

Terras alentejanas, terras nuas;
desespero de arados e charruas,
quem as compra ou arrenda ou quem as herda
sente a paixão nostálgica da merda...

Precisamos de merda, senhor Soisa!...
E nunca precisámos de outra coisa.

Ah!... Merda grossa e fina! Merda boa
das inúteis retretes de Lisboa!...
Como é triste saber que todos vós
Andais cagando sem pensar em nós!

Se querem fomentar a agricultura
mandem vir muita gente com soltura.
Nós daremos o trigo em larga escala,
pois até nos faz conta a merda rala.

Venham todas as merdas à vontade,
não faremos questão da qualidade.
Formas normais ou formas esquisitas!
E, desde o cagalhão às caganitas,
desde a pequena poia à grande bosta,
de tudo o que vier, a gente gosta.

Precisamos de merda, senhor Soisa!...
E nunca precisámos de outra coisa.


Pela Junta Corporativa dos Sindicatos Reunidos, do Norte, Centro e Sul do Alentejo


Évora, 13 de Fevereiro de 1934


O Presidente

D. Tancredo (O Lavrador)

domingo, 30 de janeiro de 2011

Protagonismo


Hoje cheguei a uma verdade há já muito tempo reflectida por ter passado inumeras vezes pelo efeito que ela provoca:

Quando nao se tem protagonismo na vida privada, e se o vao procurar em vivencias de grupo, seja ele qual for, chega-se ao ponto de vender a alma .